domingo, 8 de fevereiro de 2015

UMA MULHER E DOIS HOMENS

Poder observar as pessoas sem que elas percebam é algo divino, em lugares públicos isso pode ser realizado perfeitamente, pois dificilmente a existência do observador será notada.

Apresento uma história interessante que se passou numa noite carioca. 

Dois amigos se interessam e flertam a noite inteira com uma bela mulher, um deles a beija enquanto o outro foi comprar cerveja, quando este volta, continua conversando e dançando na esperança de algo, mas ela já tinha escolhido e somente o alimenta para saciar seu ego. Enquanto o excluído investia, ela olhava e tripudiava com o escolhido. Observando isso, pensei: essa mulher se sente forte nas investidas do homem rejeitado por ela mesma... 

Continuei observando aquela situação, então, a mulher foi ao banheiro, e, nesse intervalo, descobri que os dois homens eram amantes um do outro, eles já eram um casal, pois a maneira que se olhavam e tocavam não me parecia só amizade. Mas, eu precisava ter certeza. Pensei como eu iria verbalizar aquilo tudo que observei? Tomei coragem e fui mostrar o esboço desse texto escrito no meio de um samba. Os dois homens leram, riram, e confirmaram. Me disseram que mais tarde iriam contar para ela que eram um casal.

Não sei se ali se formou um trio noite adentro, e isso já não me interessava mais. A continuidade da minha observação sem ser notado não era mais possível e nem necessária, pois todo o conteúdo da minha crônica já tinha se apresentado.

Aqueles dois homens e aquela mulher se retroalimentaram. Eles deram uma lição de vida interessante, sabida perfeitamente pelos povos primitivos que viviam da caça: você pensa que domina, que acumula poder, que é o caçador, mas, no final, observando bem, você descobre que também é a presa.

Lembrei-me do mito de Diana e Actéon...



Pintura: Diana e Actéon
Autor: Giuseppe Cesari
Ano: 1602-1603

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