A verdadeira Arte nasce do Coração
A sua lógica ou razão é a mesma do Sol
A busca individual pela Verdade é a única segurança; o resto é frágil, corruptível e inevitavelmente perecerá neste mundo de geração e morte. Tal afirmativa nasce de minha convicção na existência do Absoluto, que é inominável e inconcebível pelo som, experimento científico, razão ou sentidos. É possível experimentá-lo quando já não diferenciamos mais o sujeito do objeto, ou seja, vivenciando uma unidade perfeita e sem dualidade. Para o Um surgir, dois devem morrer...
Desse modo, haverá imperfeição sempre que a mais excelente e nobre Arte -ou qualquer outro meio de comunicação- tentar transmitir algo incondicionado e irredutível à formas. Ainda assim, a intensidade vibratória da experiência transcendental ou metafísica do artista, quando este transfigura-se em uma harmonia simultânea e indiferenciada entre si mesmo e o objeto, será diretamente proporcional ao nível elevado de verdade ou beleza que ele consegue expressar em referência ao Absoluto. Portanto, os Grandes Artistas, e cada um em seu devido nível, beiram ao Absoluto. Profetizam! Arrebatam!!!
Não pretendo julgar, reter ou modificar alguém com minhas obras. Cada um somente vive aquilo que deseja; pergunta o que quer; e encontra a resposta que está dentro de suas possibilidades física, psíquica e espiritual. Assim, todos estão notavelmente corretos e justificados dentro das margens e pesares em que se autolimitam viver e ver. Inclusive o meu próprio modo de perceber é parcial, certamente.
No caminho da escrita, prefiro poesia à prosa. Pois, esta apresenta uma dificuldade em tocar em assuntos delicados. Já aquela tem uma perspectiva de conto, fábula ou mitológica e, por isso, soa mais agradável para o interlocutor ler ou ouvir esse tipo de expressão musicalizada, ainda que seja um ponto de vista aparentemente antagônico ao dele.
Os meus escritos em prosa costumam ser mais assertivos e analíticos, naturalmente, e isso causa-me desconforto pois acabam sempre em uma posição polarizada. Em face dessa embaraçosa e sombria dualidade prosaica, creio que o caminho mais glorioso é a escrita poética, pois meu espírito verdadeiramente anseia por desvendar os meios que oprimem e escravizam a humanidade... E isso deve ser feito de modo simples, leve e rápido, porque assim é a vida: um relâmpago na escuridão seguido de um Silêncio! E assim deve ser a escrita da natureza: uma pequena chispa desintegrada no vazio.
Exemplifico com este próprio texto que lês em forma de prosa e que pode pouco se comparado com apenas dois ou três delicados versos dos Grandes Gênios. Com efeito, em face de uma morbidez petrificada ou agressiva, considero ser mais eficaz a mensagem em forma de poesia, a fortiori, concisa e breve como o parzinho de versos supra. Afinal, a força sempre tende a perder para a resistência, como o fogo desembestado de uma grande fogueira e a dureza da pedra facilmente cedem pela calma persistente e curativa da água.
Nesse sentido, compreende-se que a fábula/mito/poesia permite uma camuflagem camaleônica conforme a necessidade do leitor e, ao mesmo tempo, um trabalho mais profundo ao nível da inconsciência, esta que é a mãe de todas as coisas e a origem seminal das mais variadas possibilidades interpretativas.
Logo, percebe-se que os Reais Artistas são dissecadores de si mesmos e, consequentemente, do mundo: o Amor é o seu alimento; a Beleza, o seu alfabeto; o outro é a trindade espelho, verbo e pena; a coragem, o seu papel; o sangue, a sua tinta; a chama no meio e acima do atrito, a sua obra; a Consciência Vazia, o seu sétimo dia. E no desempenhar deste sacro-ofício, alguns deles são mais elevados e sublimes que outros. Contudo, todos tem o seu público, conforme os respectivos níveis de consciência e de realidades condicionadas por estes.
Portanto, no processo humano de autoconhecimento recíproco, subsistirá sempre o calcanhar de aquiles do verdadeiro Artista: a exposição, que é muitas vezes heroica. Por outro viés, a transparência em suas exposições transfigura-se em um ponto fixo seguro para o leitor que busca encontrar um coração naquilo que lê! Um coração sincero e destemido, bendito, sacralizado... Assim, eventualmente, haverá espaço vazio suficiente para uma sutil e inominável concórdia que, por ser um instante divino, melhor poderá ser sugerida nua Poesia!
Nenhum comentário:
Postar um comentário